segunda-feira, 3 de outubro de 2011

NO BANCO DA RECEPÇÃO


Desejo maior era de não estar sentado
Em um banco na recepção de um hospital público
Vendo naquela família uma expressão de preocupado
Observando naquela maca o sofrimento de um pai condenado

Andando por entre os corredores
Podem-se escutar os gritos de dores
Uma tímida lagrima escorre em meu semblante
Quando vejo uma mulher em um suspiro sufocante

Em uma maca fria e desconfortável se aprende o significado de anomalia
Um desnutrido homem com o braço dilacerado na fila da cirurgia
Tentando ao menos ter a sorte
De não ser o próximo a visitar a morte

Ao se passar pela porta da recepção
Na próxima porta a direita no final do corredor
É possível já encomendar o seu caixão
Essa é a área em que impera o branco do cobertor

O sentimento de medo é comum àquele moribundo
O riso e a alegria não fazem parte daquele ambiente imundo
O triste mesmo é escutar o seu último pedido
O que eu queria era somente ter sido ouvido

(Leandro Souza)
(Porta da recepção que dá acesso as salas de cirurgias e afins - Ao fundo se observa um, de milhares, paciente em uma maca no corredor)
                      

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